segunda-feira, 13 de junho de 2011

ALDEIAS SOS


Toda criança merece um lar amoroso e sadio para crescer. O objetivo das Aldeias SOS, uma organização não governamental, é garantir os direitos da criança e do adolescente. Acolhe crianças abandonadas ou que sofreram violência doméstica, proporcionando-lhes um ambiente familiar e uma formação sólida para alcançarem uma vida autônoma.
Raquel Oliveira é uma das inúmeras crianças que passaram por uma Aldeia e que foram apadrinhadas por estrangeiros. Hoje, Raquel é acadêmica do curso de Letras pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Também já foi entrevistada anteriormente pelo jornal Zero Hora (em 2005 e 2010).  Com mais experiência, Raquel, considerada por muitos uma pessoa interessante, conta sua vida mais uma vez.
A seguir, a entrevista concedida por e-mail.

Como era a vida na Aldeia?
Nunca nos faltaram mantimentos e apoio aos estudos. Neste sentido, foi maravilhosa.

Qual foi tua reação ao saber que foste adotada por uma pessoa estrangeira, que talvez nunca viesses a conhecer?
Na verdade, fomos 'adotados' pela instituição Aldeia. Os padrinhos só ajudam financeiramente, ou através de cartas. Eu fui para a Aldeia quando eu tinha um ano e quatro meses. Não percebi que era 'adotada', simplesmente cresci naquele contexto.

O que sentias ao saber que poderias ir à Alemanha visitar tua madrinha? Como foi conhecê-la pessoalmente?
Muita ansiedade! Conhecia a Rita somente por carta, foram anos de correspondência por carta. Mas depois, foi maravilhoso e repleto de muita emoção e carinho. Não conseguíamos falar nada, nos abraçamos muito e choramos mais ainda. Naquele momento, acho que a melhor comunicação que podíamos ter já estávamos tendo através do afeto que sentíamos uma pela outra. Fiquei lá um ano.

Anteriormente, foste entrevistada pelo Jornal Zero Hora. Como te sentiste ao falar sobre tua vida?
Bom, a primeira entrevista foi em 24 de janeiro de 2005, e foi um acontecimento bombástico na minha vida. Primeiramente, porque jamais pensei que minha vida interessaria a alguém, menos ainda que ela seria capa da Zero Hora. Sempre fui uma pessoa muito reservada no que diz respeito a minha vida, talvez por medo de ser rejeitada novamente, ou por ter vergonha em me abrir. Naquela época, muitos amigos não sabiam que eu havia morado na Aldeia, embora todos soubessem que eu estudava alemão. Entretanto, foi muito emocionante. No dia em que me li no jornal pela primeira vez, senti muito orgulho de mim, talvez pela primeira vez.  As entrevistas posteriores já foram mais 'tranquilas', mas confesso que sempre tenho vergonha de dar entrevista ou de falar sobre mim. 

Achas que existe diferença entre a tua pessoa, que cresceu em uma Aldeia, e uma criança que cresceu junto a uma família convencional? Já sofreste algum tipo de preconceito por causa da tua história de vida?
 Bom, aparentemente eu nunca sofri qualquer tipo de preconceito por ter morado na Aldeia. Entretanto, se olharmos para um contexto  de Aldeia, onde uma 'familia' é formada por crianças que foram 'maltradas ' por sua 'família sanguínea' e só por isso foram 'unidas', você há de convir que haverá muitas diferenças entre uma 'família normal' e uma 'família aldeana'. Fazendo faculdade, percebi a grande diferença entre 'educar' uma criança e 'criar' uma criança.

Por que escolheste cursar Letras: Português-Alemão?
Primeiramente, para poder falar com minha madrinha alemã. Queria falar na língua dela 'muito obrigada por tudo', e depois, porque adorei o idioma.

 Na tua opinião, o que é uma pessoa interessante?
Uma pessoa interessante é uma pessoa que tem personalidade e que não é óbvia. Alguém que me surpreenda e chame a atenção positivamente, e sempre. 

O que te faz interessante?
Não saberia te responder a essa pergunta. 
Betina Veppo









Nenhum comentário:

Postar um comentário